domingo, 30 de janeiro de 2011

Uma mulher com muitos nomes (Afonso Sanches/Trovadorismo)

Tive essa idéia antes da Luxúria postar a primeira classe literária.Então,depois dela postar cada classe literária,vou postar uma respectiva obra e analizar.
Foi então que eu descobri que o trovadorismo é um verdadeiro saco pra se entender,e pior ainda pra se analizar;mas me esforcei bastante durante 2 dias e acho que fiz uma análise satisfatória.Se alguém discordar da análise,sinta-se a vontade para questionar.
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Conhocedes a donzela
por que trobei, que avia 
nome Dona Biringela? 
Vedes camanha perfia 
e cousa tan desguisada: 
des que ora foi casada, 
chaman-lhe Dona Charia. 
D' al and' ora mais nojado, 
se Deus me de mal defenda: 
estand' ora segurado 
un, que maa morte prenda 
e o Demo cedo tome, 
quis-la chamar per seu nome 
e chamou-lhe Dona Ousenda. 
Pero se ten por fremosa 
mais que s' ela, por Deus, pode, 
pola Virgen gloriosa, 
un ome que ....-ode 
e cedo seja na forca, 
estando, cerrou-lh’ a boca, 
chamou-lhe Dona Gondrode. 
E par Deus, o poderoso, 
que fez esta senhor minha, 
d' al and' ora mais nojoso: 
do demo dũa meninha, 
………………………..-ora, 
u lhe quis chamar senhora, 
chamou-lhe Dona Gontinha.
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Nesta viagem pela obra de Afonso Sanches, o sujeito poético dirige-se a um 
público cúmplice: nos três primeiros versos, pergunta aos ouvintes se 
conhecem uma donzela chamada “Biringela” e a quem teria dedicado uns 
versos. Logo a seguir, revolta-se, afirmando que, depois de a referida 
senhora ter casado, passaram a chamar-lhe “dona Charia”.
         Uma breve passagem pelas restantes estrofes leva-nos a descobrir, "facilmente",um paralelismo semântico: sempre indignado, o poeta descobre que a senhora era conhecida por nomes diferentes, conforme era abordada por diferentes homens, sendo que cada um desses nomes aparece sempre no final de cada uma das estrofes.
         Há, no entanto, que vincar uma diferença: na primeira estrofe, o verbo “chamar” está na terceira pessoa do plural, ao passo que, nas restantes, surge no singular. Há, ainda, a notar uma outra diferença: a palavra presente no final da primeira estrofe não é exactamente um antropónimo. Efetivamente, “Charia” seria um termo derivado da palavra árabe que designava as concubinas brancas compradas pelos árabes andaluzes. A aceitarmos essa hipótese, poderíamos estar perante um insulto que poderia atingir não só a mulher em causa, mas também o marido, reduzido afinal à condição de mouro.
         Todos os outros nomes são antropónimos femininos documentados na Idade Média. Que poderemos, então, conjecturar com base nesta flutuação onomástica? Será que esta senhora teria oferecido favores a vários homens, confessando diferentes nomes a cada um deles? A ser assim, estaríamos na presença de uma verdadeira mulher-demónio, uma autêntica manipuladora de pobres homens, entre os quais o triste sujeito poético, que descobre que não tinha sido o único no coração desta mulher desalmada. As nossas leitoras podem escandalizar-se, chamando a atenção para os milhares de anos de comportamentos masculinos similares. No entanto, não podemos esquecer-nos de que este texto foi escrito por um homem da Idade Média, numa época em que ainda não tinha sido inventada a palavra “feminismo”.

A literatura antes da literatura.

Bom...a luxúria começou a comentar sobre as escolas literarias da lingua portuguesa,e eu não poderia deixar vocês pensarem que antes disso não existiu literatura.Por isso vou fazer um breve resumo do que aconteceu antes. =D

Séculos VIII a.C. a II a.C.
As primeiras obras da História que se tem informação são os dois poemas atribuídos a Homero: Ilíada e Odisséia. Os dois poemas narram as aventuras do herói Ulisses e a Guerra de Tróia.  Na Grécia Antiga os principais poetas foram: Píndaro, Safo e Anacreonte. Esopo fica conhecido por suas fábulas e Heródoto, o primeiro historiador, por ter escrito a história da Grécia em seu tempo e dos países que visitou, entre eles o Egito Antigo.

Séculos I a.C. a II d.C.:A literatura na História de Roma Antiga
Vários estilos que se praticam até hoje, como a sátira, são originários da civilização romana. Entre os escritores romanos do século I a.C. podemos destacar: Lucrécio (A Natureza das Coisas); Catulo e Cícero. Na época de 44 a.C. a 18 d.C., durante o império de Augusto, corresponde uma intensa produção tanto em poesia lírica, com Horácio e Ovídio, quanto em poesia épica, com Virgílio autor de Eneida. A partir do ano 18, tem início o declínio da História do Império Romano, com as invasões germânicas. Neste período destacam-se os poetas Sêneca, Petrônio e Apuleio. 

Séculos III a X
Após a invasão dos bárbaros germânicos, a Europa se isola, forma-se o feudalismo e a Igreja Católica começa a controlar a produção cultural. A língua (latim) e a civilização latina são preservadas pelos monges nos mosteiros.A partir do século X começam a surgir poemas, principalmente narrando guerras e fatos de heroísmo. 

Século XI : As Canções de Gesta e as Lendas Arturianas
É a época das Canções de Gesta, narrativas anônimas, de tradição oral, que contam aventuras de guerra vividas nos séculos VIII e IX , o período do Império Carolíngio. A mais conhecida é a Chanson de Roland ( Canção de Rolando ) surgida em 1100. Quanto à prosa desenvolvida na Idade Média, destacam-se as novelas de cavalaria, como as que contam as aventuras em busca do Santo Graal (Cálice Sagrado) e as lendas do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda.Pode ser confundida como parte do trovadorismo, mas o trovadorismo consiste SOMENTE em poesia.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte...

Por mais firmes e fortes que nos tornemos, por mais que estudemos, por mais que tenhamos certeza e fé em nossa causa, um dia, uma hora, um minuto, uma fadiga nos atordoará e nos fará pensar em desistir.
Pensamos em todo o sacrifício que fazemos, as horas de lazer que perdemos, lembramos dos irmãos que desistiram no caminho, imaginamos as grandes dificuldades que ainda estão porvir.
Assistimos os inimigos e ignorantes debocharem, os apáticos de braços cruzados reclamarem sem nada fazer, as
pessoas a nossas volta aos poucos se voltarem contra nós.
Observamos tudo isso com o corpo e a mente cansada da luta, somos tentados a abaixar a cabeça, cruzar os braços e fechar os olhos; e assim muitos o fazem, incontáveis são os que desistem ao esbarrarem em tantos obstáculos. Sim, nós cansamos, pois somos humanos e lutar pela Causa é um Sacrifício de vida! Mas ao contrário de muitos, não desistimos e acima de tudo não caímos, continuamos de pé, recebendo cada golpe com coragem, revidando e reagindo tanto quanto podemos. E, a cada instante que nos mantemos de pé, enquanto tantos caem vencidos, ou se escondem amedrontados, temos a certeza de que existe uma causa maior, e por isso somos guiados senão para a vitória ao menos para a HONRA ETERNA dos verdadeiros heróis!
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 "De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto" (Rui Barbosa)
"No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz." (General Emílio Garrastazu Médici)